terça-feira, 14 de março de 2017

Tenho medo de gritos
Mas mais medo do silêncio
Da falta de diálogo
Tenho medo da submissão
Mas mais medo da omissão
Tenho medo da falta de verdade
Da crueldade da falsidade
Tenho medo de fraquejar
E não mais ter forças pra ser eu
Da minha forma Pretacor de ser
Tenho medo de ser vencida
Oprimida pela dor
E assim deixar de ser o que sou
A mulher durona feito manteiga
Que acredita no amor
Se emociona com uma flor
E ainda arrisca
Tenta e inventa
Pra simplesmente
Ser gente
E feliz
Bora abrir um sorrisão pra Vida
Sei que a maré não está pra peixe
Tem muita coisa engasgada na garganta
O coração batendo a milll
E o desânimo vive a te rondar
Mas tenha certeza
Mais tem o Criador pra te dar
Olha você nem percebeu
Mas outro dia nasceu
E você sobreviveu
Por que será?
Porque você é uma pessoa amada
Especial
Muito importante
Pra todos nós
Que acreditamos em você
Levanta
Reaja
Bora dar um sorrisão pra Vida
Bom diaaaaaa
E lá vai Maria
Maria Aparecida
Maria da Glória
Maria Efigênia
Maria Gabriela
Maria Salete
Maria
Marias
E lá vai Maria
Maria que sobreviveu a escravidão
Maria que hoje sofre com a solidão
Maria que saiu do interior
E veio arriscar a vida na cidade grande
Maria que em pouco tempo
Aprendeu a lição
Estudo e trabalho...formam cidadãos
Maria das cozinhas
Maria das fábricas
Maria das esquinas
Marias das ruas
Buscando melhores dias
E lá vai Maria
Maria das portas de presídios
Maria vítimas de preconceito
De raça..gênero
Lá vai Maria
Maria dos desesperos
Maria sem rumo
Sem plumo
Lá vai Maria
Lavadeiras
Arrumadeiras
Faxineiras
Maria pra o que der e vier
E lá vai Maria
Maria que ama
Que encanta
Maria que canta
Que dança
Que sonha
E que se engana
Se decepciona
E lá vai Maria
Maria da zona e do luxo
Maria que se entrega
E também se nega
Maria que reza
Maria donas das entregas
Das mandingas
Maria de fé
Maria da luta
E lá vai Maria
Que chora
Maria que bate e que apanha
Maria que sofre mil artimanhas
De quem só enxerga suas entranhas
E lá vai Maria
Violentada
Arrasada
Emudecida
E lá foram muitas vidas
Mas tu és guerreira
És dádiva
És vida
Tu és filha
De Maria
Marias todas as mulheres
Marias de todos os dias
Eu apenas te desejo...enquanto Maria que sou;
Que teu dia senhoras geradoras e cuidadoras da vida...sejam eternas primaveras.
Com todo meu respeito e amor.
SALVE MARIAS!!!
Foi dado o sinal
E vc se deu mal
A liberdade atravessou as barreiras 
Hoje se espalhou pela cidade inteira
Um grito forte
Chega de oprimir o pobre
Cansei de sofrer
Agora sou nobre
Cheguei no poder
Olhem pra mim
Zombem agora como quiser
Mas quem irá ditar as leis
Agora sou eu
Tranquem as portas e fechem os portões
Mesmo assim meu clamor
Vai chegar em vcs
Eu sou negro
Sou cor
Que soem os tambores
Agora sou livre
Acabou seu poder
Eu a partir de hj
Enxerguei quem é o rei
Vc não vai me alcançar
Pois meu sonho
Tornou-se realidade
Pobre quebrou as correntes da mente
E percebeu que ninguém mais
Pode escravizar nossas mentes
Foi dado o sinal
E vc se deu mal
CHORA MOLECA...CHORA GAZELA

Chora moleca
Chora gazela
Que os campos se abram pra ti
E perfumem teu corpo
Num sopro de aromas
Que me embriaga
E me torna escravo de ti
Chora moleca
Chora gazela
Lágrimas quentes
Escorrem em teu rosto
Fazendo brotar
Um rio infinito
Porque o teu choro
Não encontra um fim
Chora moleca
Chora gazela
Teu pranto encontrou
Meu lamento por ti
O teu sofrimento
Entristece meu canto
Que agora também chora
Por ter
Se apartado de ti
Chora moleca
Chora gazela
Quem sabe um alento
Esteja por vir
E transforme este pranto
Num drama romântico
Onde o amor reine
E nunca tenha fim
Chora moleca
Chora gazela
Libere seus sonhos
Me encha de planos
De quebrar este encanto
E enfim contigo
Seguir ao nosso
Infinito Jardim




As saias de mamãe
Debaixo daquelas saias...
Me escondi muitas vezes
Debaixo daquelas saias...
Fiz um abrigo seguro
Hoje o abrigo se transformou
Em alimento
É de onde mamãe tira o sustento
Pra este filho sedento
Nascido
Por erro
Acidente
Porque debaixo daquelas saias
Mamãe sofreu
Sem que ninguém
Ouvisse seu lamento
Tudo acontecia
Nas vistas da patroinha
E não tardara o bucho aparecer
E novamente debaixo daquelas saias
Se escondia o abuso
Assim vim ao mundo
E foi debaixo daquelas saias
Que sobrevi
Hoje mamãe anda amargurada
Com medo do futuro
Prevendo de certo
Um futuro infeliz
E debaixo daquelas saias
Eu vejo se aproximar
O fim
De anos de luta
E de amor
Por mim
Seios apontados pro chão

Meus seios estão armados
Apontados pro chão
Sedentos por suas mãos
Meus seios estão armados
Apontados em tua direção
Na espera inútil que você venha
E os toque
Sem estar dope
Pois um dia ao tocá-los
Tudo era pura explosão
Meus seios estão armados
Apontados pro chão
Pois alimenta os filhos
Que um dia sonhamos juntos
Educar e preparar
Pra assumir a direção
Meus seios estão armados
Apontados pro chão
Rígidos e quentes
Neste encontro ardente
Repleto de emoção
A ESTRADA

Temo atravessar a ponte
Porque sei que ela me levará
Pra longe de você
Talvez o que encontrarei do outro lado
Seja bom
Mas não acredito que possa haver
Algum lugar bom sem você
Na verdade não tenho medo de atravessar a ponte
Tenho medo apenas de te perder




SER NEGRA NÃO BASTA

Ser negra não basta
Tem que ser mulher de muita raça
E saber sobreviver
Aprender cedo que amor enche barriga
E ainda escutar dizer 
Que quem deu mole foi você
Ser negra não basta
Tem que ter uma boa lábia
E saber se defender
Sem perder a classe
Senão Barraqueira
Vão apelidar você
No emprego...acorde cedo
Se atrasar vão humilhar você
Quem mandou morar longe
Pegar ônibus onde irão
Te encochar pra valer
Ir a delegacia ....humm
O patrão não vai entender
Ser negra não basta
Pode ser pobre
Mas seja orgulho de sua raça
Estude pra crescer
Ser negra não basta
Tem que ter muita raça
Pois tem muitos
Contra você